quarta-feira, 9 de setembro de 2009

010 - D.Dinis " OS ETERNOS MOMENTOS DE POETAS E PENSADORES DA LINGUA PORTUGUESA "



D. DENIS(Dinis)
Nasceu em 09 de outubro de 1261, signo de libra,
em Lisboa(?),Portugal . O sexto Rei de Portugal(primeira dinastia)
"O Lavrador " ou"O Trovador"ou "O Pai da Pátria",
reina de 1279 a 1325.
Filho de D.Afonso III e de Beatriz de Castela, filha
de D. Afonso X, Rei de Castela e Leão. Dom Denis foi
bisneto de D. Sancho I, Rei de Portugal e trovador.
Dom Denis foi educado por Nuno Martins Chacim, e
professores como, Aimeric D'Ebrard, notável cientista e
conhecedor da poesia provençal, sacerdote da Aquitânia,
e depois bispo de Coimbra, outro era
Domingos Jardo, que estudou na Universidade
de Paris e depois bispo de Lisboa. Dom Denis, teria sido
o primeiro Rei alfabetizado o primeiro a assinar
o nome completo. . .
O Primeiro Ministro da Fazenda "D. Juda", era judeu, administrou de 1295 a 1303.
D. Denis, era casado com Isabel de Aragão, filha mais velha,
de D. Pedro III de Aragão e de D. Constança de Napoles,
em 24 de junho de 1282, Trancoso, Portugal
A Rainha, pela sua generosidade, digna de alguns milagres, foi canonizada em 1625
Museu Nacional "Machado de Castro",
Coimbra, pintura «Rainha Santa Isabel
e o Milagre das Rosas» pintor anônimo,
século XVI « Mosteiro de Santa Maria de Celas» *MNMC 11268* Livro«Vida da Rainha Santa»
século XVI, «Museu de Arte Sacra da
(Autor desconhecido)
Univerdsidade de Coimbra»*MNMC 2221*
Internet site
Parque "Portugal dos Pequeninos", Coimbra,
Painel de Azulejos,
«Milagre das Rosas» feito por João Correia.
A Rainha Santa Isabel faleceu, 04 de julho de 1336.
Se comemora nos dias 11 . . . de julho dos anos pares, homenagens
com procissões, fogos de artíficio desde 1516, imagem desfila
pelas ruas da cidade de Coimbra, feita pelo escultor
Teixeira Lopes.
No tempo de D. Denis, foi papa Pedro Hispano(João XXI)1276,
português.
Bento(Benedito)XIII, papa, 1724 a 1730, era descendente
do Rei Dom Denis.
D. Denis nomeou para Ministro da Fazenda o judeu,
D. Judá,1295/1303, isentou(os judeus) de usarem
roupas especiais, determinadas pela lei canônica,
além do pagamento de dízima à Igreja.
Em 1290, ordenou a substituição nos escritos do latim,
pela Lingua Portuguesa, que antes se usava sómente o latim.
Fundador da Universidade em Lisboa, 1290, depois transferida
para Coimbra, 1307.
Frequentaram, a sua côrte, famosos trovadores tanto
portugueses como galegos.
Pero Anes Coelho, filho de Johan Soares Coelho(trovador)
fez parte da côrte de D.Denis. Foi instituida a " Ordem de Cristo"
a 14 de março de 1319, com a bula "Ad ea ex Quibus ",
Papa Nicolau IV.
D. Denis, restaurou o Castelo de Leiria, no século XIV,
localizado no centro de Leiria, que tinha sido
construído no século XII, e ordenou a plantação de pinheiros
em Leiria, por causa da erosão que vinha do mar, a areia na
costa de Portugal, todavia no futuro a madeira, foi usada para
a fabricação das naus, caravelas, navios para as descobertas.
Ele, foi muito importante para a agricultura,
pelo qual teve o cognome "O Lavrador"
Homenagens: Estátua em Leiria, 1977
Pintura anônima de D. Dinis; Largo D. Dinis, Universidade
de Coimbra. . .
Prémio D. Dinis, 1980
Alguns Contemplados
Agustina Bessa Luís; Sophia de Mello Breyene
Anderen; Eugênio de Andrade; José Cardoso Pires;
António Franco Alexandre; José Saramago;
António Lobo Antunes . . .
Faleceu a 07 de janeiro de 1325.
*
CANTOePALAVRAS
139 Cantigas
73 Cantigas d'Amor; 51 Cantigas d'Amigo;
03 Pastorelas; 11 Cantigas d'Escárnio e Maldizer. . .
*
I
Quer'eu en maneyra de proença!
fazer agora hun cantar d'amor
e querrey¹ muyt' i loar² mha³ senhor,
a que prez¹* nen fremusura non fal²*,
nen bondade, e mais vos direy en³*
tanto a fez Deus comprida* de ben
que mays que todallas do mundo val.
*
querrey¹- quererei; loar²- louvar; mha³- minha;
prez¹*- estima, brio, dignidade, reputação . . .
fal²*- falta; en³*- disso, dele, dela,por isso. . .
comprida*- perfeita,cheia,repleta . . .
-
Ca mha senhor quiso¹ Deus fazer tal,
quando a fez, que a fez sabedor
de todo ben e de mui gran valor;
e con tod' esto é mui comunal²
aly hu deve; er³ deu-lhi bon sen¹*(seso)
e des y²* non lhi fez pouco de ben,
quando non quis que lh' outra foss' igual.
*
quiso¹- (verbo quererá)- quis.
comunal²- social, simples, amável, vulgar . . .
er³- ainda, outra vez, também . . .
sen¹*- sem, exceto, além de . . .
y²*- i, depois, seguidamente . . .
-
Ca en mha senhor nunca Deus pôs mal,
mays¹ pôs hi prez e beldad' e loor²
e falar mui ben e riir melhor
que outra molher; des y é leal
muyt', e por esto non sei oj' eu quen
possa compridamente³ no seu ben
falar, ca non á, tra-lo¹* seu ben, al.²*
*
mays¹- mas, mais; loor²- louvor;
compridamente³- completamente, perfeitamente;
tra-lo¹*- atrás do, além de . . .; al²*- outra coisa, ao,
todo mais . . .
*
DOM DENIS
"Cantiga d'Amor"
C.B.N., 520
*
II
Dos que ora son na oste¹,
Amiga, querria saber.
Se se verran² tard' ou foste;
por quanto vos quero dizer:
porque é lá meu amigo.
*
oste¹- tropa, exército; verran²(verbo viir- vir)-virão;
-
Querria saber mandado
dos que alá son, ca o non sei,
amiga, par Deus, de grado,
por quanto vos ora direi:
por que é lá meu amigo.
-
E queredes que vos diga?
Se Deus bon mandado mi dê,
querria, saber, amiga,
d'eles novas, vedes porquê;
por que é lá meu amigo
-
ca por al non, vo-lo digo.
*
D.DENIS
" Cantiga d'Amigo "
*
III
Ai, flores, ai, flores do verde pio¹,
se sabedes novas do meu amigo?
ai, Deus, e u é?
*
pio¹- pinho, pinheiro;
-
Ai, flores, ai, flores verde ramo,
se sabedes novas do meu amado?
ai, deus, e u é?
-
Se sabedes novas do meu amigo,
aquel que mentiu do que pôs comigo?
ai, Deus, e u é?
-
Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do que mi á jurado?
ai, Deus, e u é?
-
- Vós me perguntades polo voss' amigo?
E eu ben vos digo que é san' e vivo:
ai, Deus, e u é?
Vós me perguntades polo voss' amado
E eu ben vos digo que é viv' e san:
ai, Deus, e u é?
-
E eu ben vos digo que é san' e vivo
e seerá vosc' ant' o prazo saido:
ai, Deus, e u é?
-
E eu ben vos digo que é viv' e san
e s(e)rá vosc' ant' o prazo passado:
ai, Deus, e u é?
*
D. DENIS
"Cantiga d'Amor"
C.B.N., 568
*
IV
Proençaes soen¹ mui ben trobar
e dizen eles que é con amor;
mays os que trobam no tempo da frol²
e non en outro, sey eu ben que non
am tam gran coyta³ no seu coraçon,
qual m'eu por mha senhor vejo levar.
*
soen¹-costumam; tempo da frol²- tempo da flor; Primavera;
coyta³- paixão.
-
Pero que¹ trobam e saben loar
sas² senhores o mays e o melhor
que eles poden sõo³ sabedor
que os que troban quand' a frol sazon°
á e non ante, se Deus mi perdon,
non an tal coyta, qual eu ey sen par.
*
pero que¹- ainda que; sõo- sou; sazon°- tempo, ocasião . . .
-
Ca os que troban e que ss'alegrar
van eno tempo que ten a color¹
a frol consigu' e, tanto que se for
aquel tempo, logu'en trobar razon
non an, non viven en qual perdiçon
oj'eu vyvo, que poys m'á de matar.
*
color¹- cor;
*
DOM DENIS
" Cantiga d'Amigo "
C.B.N.,524
*
V
Poys mha ventura tal é já
que sodes¹ tam poderosa
de min, mha senhor fremosa,
por mesura que en vós á,
e por ben que vos estará,
poys de vós non ei nen hun², ben,
de vos amar non vos pês³ en,
senhor!
*
sodes¹-sedes(verbo seer- ser estar);
hun²- nenhum; pês³- pese(verbo pesar- pesar, custar . . .)
-
E, poys por ben non teedes¹
que eu aja de vós grado²
por quant' affam³ ei levado
por vós, e assy queredes,
mha senhor, fé que devedes
pois de vós non ey nen hun ben,
de vos amar non vos pês en,
senhor!
*
teedes¹-tendes(Verbo teer-ter)
grado²- agradecimento, paga, vontade . . .
affam³- dor, ânsia, trabalho . . .
-
E, lume d'estes olhos meus,
poys maasy desenparades,
e que me grado non dades,
como dam outras aos seus,
mha senhor, polo amor de Deus,
poys de vós non ey nen hun ben,
de vos amar non vos pês en,
senhor!
-
E eu non perderey o sen,
e vós non perdedes hi ren¹
senhor!
*
ren¹- nada, coisa alguma. . .
*
DOM DENIS
"Cantiga d'Amor"
C.B.N., 508
*
VI
Bon dya vi amigo,
poys seu mandad' ey migo,
louçãa¹.
*
louçãa- formosa, bela, vistosa . . .
-
Bon dya vi amado,
poys migu'¹ ey seu mandade,
louçãa.
*
migu'¹- falta, perda . . .
-
Poys seu mandad' eu migo,
rogu' eu a Deus e digo,
louçãa
-
Poys migu' ey seu mandado,
rogu' eu a Deus de grado,
louçãa.
-
Rogu' eu a Deus e digo
por aquel meu amigo,
louçãa.
*
[Rogu' eu a Deus de grado
por aquel namorado,
louçãa.]
-
Por aquel meu amigo
que o veja comigo,
louçãa.
-
Por aquel namorado,
que fosse já chegado,
louçãa.
*
DOM DENIS
" Cantiga d'Amigo "
C.V., 168
▬▬
Camões, Os Lusíadas, e D. Dinis
*
Eis despois vem Dinis, que bem parece
Do bravo Afonso estirpe nobre e dina,
Com quem a fama grande se escurece
Da liberalidade Alexandrina.
Com este o Reino próspero florece
(Alcançada já a paz áurea, divina)
Em constituições, leis e costumes,
Na terra já tranquila claros lumes.
-
Fez primeiro em COIMBRA exercitar-se
O valeroso ofício de Minerva;
E de Helicona as Musas fez passar-se
A pisar de MONDEGO a fértil erva.
Quanto pode de Atenas desejar-se
Tudo o soberbo Apolo aqui reserva.
Aqui as capelas dá tecidas de ouro,
Do bácaro e do sempre verde louro.
-
Nobres vilas de novo edificou,
Fortalezas, castelos mui seguros,
E quase o Reino todo reformou
Com edifícios grandes e altos muros;
Mas, despois que a dura Átropos cortou
O fio de seus dias já maduros,
Ficou-lhe o filho, pouco obediente,
Quarto Afonso, mas forte e excelente.
*
LUIS DE CAMÕES
Estrofes 96 a 98, Canto III.
Os Lusíadas
▬▬
Poetas e D. Dinis
*
Fernando Pessoa
*
Na noite escreve um seu Cantar de Amigo
O plantador de naus a haver,
E ouve um silêncio múrmuro consigo:
É o rumor dos pinhais que, como um trigo
De Império, ondulam sem se poder ver.
-
Arroio, esse cantar, jovem e puro,
Busca o oceano por achar;
E a falta dos pinhais, marulho obscuro,
É o som presente desse mar futuro,
É a voz da terra ansiando pelo mar.
*
FERNANDO PESSOA
" D. Denis "
Os Castelos
Mensagem
▬▬
Afonso Lopes Vieira
*
Catedral verde e sussurrante, aonde
A luz se ameiga e se esconde
E aonde, ecoando a cantar.
Se alonga e se prolonga voz do mar:
Ditoso o "LAVRADOR" que a seu contento
Por suas mãos semeou este jardim;
Ditoso o Poeta que lançou ao vento
Esta canção sem fim . . .
-
Ai flores, ai flores do Pinhal florido,
Que vêdes no mar?
Ai flores, ai flores do Pinhal florido,
Rei DOM DINIS, bom poeta e mau marido
Lá vêm as velidas bailar e cantar.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Ai flores, ai flores do Pinhal louvado.
Que vêdes no mar?
Ai flores, ai flores do Pinhal louvado,
São caravelas, teu corpo cortado,
É lo verde pino no mar a boiar.
-
Pinhal de heróicas árvores tão belas,
Foi do teu corpo e da tua alma também
Que nasceram as nossas caravelas
Ansiosas de todo o Além;
Foste tu que lhes deste a carne em flor
E sôbre os mares andaste navegando,
Rodeando a terra e olhando os nossos astros,
Ó gótico Pinhal navegador,
Em naus erguida levando
Tua alma em flor na ponta alta dos mastros! . . .
*
AFONSO LOPES VIEIRA
"Pinhal do Rei"(fragmentos)
Ilha de Bruma
▬▬
Campos Figueiredo
*
Trazia ouro aos pobres . . . dava estrelas,
que no jardim azul do céu colhera,
mas, quando El-Rei D. DINIS desejou vê-las,
floriu, no seu regaço, a Primavera.
-
-"Vede, são rosas brancas, fui colhê-las
para os gafos, Senhor! julgáveis que era
dinheiro em vez de flores? A Deus provera
que em oiro e pão pudesse convertê-las!"
-
Repete-se o milagre eternamente:
Caem do céu, às horas do poente,
rosas de oiro, vermelhas, a sangrar . . .
-
E, a noite, é Ela sempre que, na treva,
sobre a linda Cidade medieva,
desfolha rosas brancas, ao luar!
*
CAMPOS FIGUEIREDO
"Milagre das Rosas"
▬▬
Marly de Oliveira
*
E D.DINIS, Vieira, Antero
Ah, dias que passei iluminados,
ah, noites em que me abrasei,
amando e sendo amada,
num tempo alheio ao tempo,
inalcançável.
*
MARLY DE OLIVEIRA
(Trecho)
Viagem a Portugal
(Mais Poemas . . . "Os Eternos Momentos de Poetas e
Pensadores da Lingua Portuguesa", págs.015 e 154)
▬▬
Maria Azenha
*
Por Cristo e por cantares de Lavrador
Foi plantada nova ordem por DINIS:
Ai i o era probimentos i o é rumor
Ai i o era oculta rosa em reno lis.
-
E sentado o pinhal novo à beira mar,
Em Leiria já sonhava, já no vento,
A raiz em pensamento, a voz do mar,
Ai i o era por raiz e o sentimento.
-
Então DINIS o céu sonhou em juramentos
Quando à noite se sentava p'ro escutar,
Em raíz, flor do vento e alargamentos,
Ai i o era por unir os céus aos mares.
-
E já pinhais, irmãos do lis, doutros falares,
Do Genovês e de mores descobrimentos,
Por El-Rei mandar ao mundo outros palmares,
Ai i o era por amor e mandamentos.
-
E a voz rouca do pinhal, sempre a falar,
Busca inteira marinheiros que hão de haver,
Por ser seu o REI DINIS e o seu, vagar
Dando ao mundo, ao céu aberto, esse Poder.
*
Maria Azenha
"Dom Dinis"
O Último Rei de Portugal
(Mais Poemas . . . "Os Eternos Momentos de Poetas
e Pensadores da Lingua Portuguesa", pág. 120)
▬▬
Marques da Cruz
*
I
Pinhal real! Pinhal de D. DENIS!
seara de galeões de Portugal,
em gestos grandes, pródigos, gentis
de dádiva real!
-
- detendo, além à beira-mar, às soltas,
dunas revoltas . . .
- tecendo o berço para os meninos . . .
- pondo quentura no doce-lar . . .
- dando o bom cerne a palácios finos
e a caravelas, aos balanços, aos assomos,
em cristais de escarcéus . . .
-
(Pinheiros bravos, pinheiros mansos,
mansos e bravos como nós somos:
- brandura de cordeiros,
- rudez de mastaréus . . .)
-
- tecendo folhas de papel ( que são as velas
das caravelas que navegam hoje),
rútilas de luz floral,
( a luz que beija a fronte e esplende e foge
nas curvas do Ideal . . .)
-
- e dando a haste do pendão das quinas,
ora em refolhos, ora em languidez,
( - essas meninas
destes meus olhos
de português . . .)
*
MARQUES DA CRUZ
"Pinhal-real"
Lis e Lena
*
II
Leiria, que linda és,
com amor, com afeição!
- O Lena beija-te os pés,
e o teu Lis o coração.
-
Leiria! terra de beleza e graça,
com feminina ondulação e cor;
junto à Batalha e Fátima e Alcobaça,
que ostentam obras de genial lavor.
-
Ao fundo, ogivas, botaréus, arcobotantes
do «Pinhal-de-Leiria», alto «Pinhal-real»,
PINHAL-DE-D.DENIS;
e, com ameias e mirantes senhoris,
mouriscos, triunfal,
um vetusto castelo,
que é o mais belo de Portugal!
-
Frutas no cómoro e na pródiga devessa . . .
vinhedos vergilianos, que nos dão
uns cachos que têm mel e têm beleza,
e um vinho que é topázio em floração.
-
Ao centro, passa o Lis, e o Lena ao lado,
entre artísticas, poéticas tendências:
-noras, gemendo o fado . . .
- flores, soltando essências . . .
- aves, dando canções . . .
- açudes . . . reticências . . .
- choupos . . . exclamações!
-
Rios dos poetas D.DENIS trigueiro,
Rodrigues Lobo e Xavier Cordeiro,
Lopes Vieira, e outros que beber lá vão
ao veio feiticeiro.
Uma cidade que, por ser a «Flor-de Lis»,
estima a flor da tradição;
onde a RAINHA SANTA teve, na verdade,
labaredas febris de caridade,
no coração.
-
Cidade que sorri e ao mesmo tempo tem
o porte belo (que lhe fica bem)
de um alto, severíssimo castelo!
como velhinha de semblante lindo
e tranças fúlgidas de prata,
que, ao mesmo tempo que vai sorrindo,
levanta a fronte aristocrata!
-
Leiria, que linda és,
com amor, com afeição!
- O Lena beija-te os pés,
e o teu Lis o coração.
*
MARQUES DA CRUZ
"Leiria"
Lis e Lena
(Mais Poemas . . ."Os Eternos Momentos de Poetas e
Pensadores da Lingua Portuguesa" pág. 162 . . .)
AFONSO SANCHES
Nasceu em 1289, Portugal.
Filho de D. Dinis, filho bastardo preferido, foi
Mordomo da Coroa(primeiro ministro) da
coroa de D. Dinis, foi educado pela Rainha Santa Isabel,
inclusive os bastardos, com um nivel elevado de educação.
*
CANTOePALAVRAS
15 Cantigas. . .
*
Dizia la fremozinha:
ay, Deus, val!
com' estou d'amor ferida!
au, Deus, val!
-
Dizia la ben talhada:
ay, Deus, val!
com' estou d'amor coytada!
ay, Deus, val!
-
Com' estou d'amor ferida!
ay, Deus, val!
non ven o que ben queria!
ay, Deus, val!
-
Com1 estou d'amor coytada!
ay, Deus, val!
non ven o que muyt' amava!
ay, Deus, val!
*
AFONSO SANCHES
" Cantiga d'Amigo "
C.V., 368
▬▬
. . . . Depois que esta rainha(Rainha Santa Isabel) veo a

Portugal, recreceo discordia entre elrey D.Dinis e o
infante D.Affonso, seu irmão; e esta rainha, vendo esta
discordia e este mal entre elles, e cercando elrey alguns
logares, que o infante tinha, e filhando-os, para nom
recrecer discordia maior e dano em a terra, tratou esta
rainha per si e por seu conselho e por prelados e outros
homens bons aueença entre elrey e o infante, seu irmão,
e, para fazer paz e concordia, entregou a elrey a villa de
Sintra, que ella tinha de sá mão delrey, e deu elrey
outros logares ao infante para se manter com elles.
E fez que o infante ficasse por vassalo delrey e para se
seer a seu seruiço em todo o tempo, quando a elrey
comprisse sá ajuda e seu seruiço . . . .
Hauendo adiante discordia antre elrey e o infante
D.Afonso, seu filho, elrey foi cercar a cidade de Coimbra,
que o infante, seu filho, já tinha para mantimento seu
e dos seus, e, seendo em aquel logo juntos elrey e o infante,
alli os demais que em aquel tempo em Portugal hauia,
uns com elrey e outros com o infante, fazendo-se
gram estrago na terra, chegou esta rainha, doendo-se
de tam gram discordia, como hauia acontecer antre elrey
e seu filho, e do gram estragamento que via já por a terra,
chegou aaquel logo de Coimbra tratou antre elles que elrey
se alçasse daquelle logo e se fosse a Leiria; e fez ao infante
que fosse aaquel logo veer seu padre e fez que o infante
conhecesse(a) elrey o que filho e vassalo he theudo de
conhecer a seu padre e a seu senhor e que elrey desse ao
infante rendas com que se manter podesse, segundo a seu
estado compria. Partirom-se assim por esta rainha auindos,
escusando-se por ella e por as obras que ella fazia muito
dano e estrago, que seguira, durando a discordia, que
muitos por seus reynos recebiam . . . .
Depois aquelles que foram começo da discordia que fora
antre elrey e seu filho, nom prazendo a elles de perseverarem
em aveença e concordia a que os esta rainha trouuera,
sementarom discordia que os trouuerom a tal tempo
que, em querendo o infante ir a hu elrey era, elrey veo
a duas legoas de Lisboa, e nõ queria consentir que alá fosse.
Estando em hum caminho de Lisboa, a que chamão
Louras, os do infante querendo ir para Lisboa, os delrey
defendendo a vinda, foram paradas azes da parte delrey
e do infante e alli foi elrey com os seus de huma parte
com os seus da outra antresinados e ferindo-se os peoens
a pedras e a dardos da h~ua parte a outra e jazendo
hom~es mortos e feridos antre as azes, esta rainha
(Rainha Santa Isabe), vendo elrey, seu senhor e marido,
e o infante, seu filho, em tam gram perigo estar, para
se escusar tam grande dano e morte de muitos que
alli estavam, cada hum para servir a seu senhor, tanta
foi a dor que houve e o amor que per meo das azes,
caualgada em huma mula, sem leuando-a homem
por renda, e só por razom das (pedras) que lançauam
da huma parte e da outra homem nem molher
nom ousaua d'ir em pos ella. E, pero que, indo ella assi,
nom leixauam de lançar dardos e pedras, quiz Deos,
em cujo seruiço andava esta rainha, em a guarar
que nom recebesse ferida, nem outro cajom nenhum,
e foi hu elrey estaua e du elrey estua tornou ao infante
e, por vezes vindo de huma parte para outra, tratou entre
elles por tal maneira que o infante fosse beijar as mãos e seu
padre e que elrey beenzesse seu filho e partirom dalli amigos.
E foi aquelle dia, por mercê de Deos que quiz fazer a esta
rainha, partida morte e destroço a muitos de Portugal. . . .
*
Fragmento de "MONARCHIA LUSITANA"
livro escrito á mão (edição 1751).
Convento de Santa Clara de Coimbra, Portugal.
*
Crestomatia Arcaia,1980 (Bau).
▬▬

Nenhum comentário: